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Dragon Ball: O desastre que amamos


   Dragon Ball é um mangá criado pelo ilustrador Akira Toriyama e publicado inicialmente no ano de 1984 no japão que, posteriormente, recebeu adaptação em anime em 1986.

   Essa parte provavelmente você já deve conhecer, mas vem cá, deixando de lado todos os elementos nostálgicos, as incríveis cenas de luta e as transformações cada vez mais coloridas, o que sobra afinal?

O Enredo

   Essa é, provavelmente, a parte mais clichê e óbvia desse texto. Criticar o enredo de Dragon Ball não é difícil e nem incomum. Muito pelo contrário. Não é raro conhecermos fãs do anime/mangá que critiquem sua trama, nesse grupo me incluo pois, se não fosse fã, não estaria disposto a criticar essa obra.

   Mas, convenhamos, passamos o anime inteiro buscando a resposta do porque o Goku e até mesmo o Gohan possuíam rabos, porque se transformavam em macacos gigante e de onde vinha sua força. De fato, no início da saga "Z", nos é apresentado um novo personagem: Raditz, o irmão de Goku. Após explicar toda sua origem e o fim de sua raça (mesmo que não fosse a história verdadeira), conseguimos responder algumas dessas perguntas.

   Após uma jornada incrível no planeta Namekusei, nos é apresentado a forma "ultimate" da raça dos saiyajins: o Super Saiyajin. Uma luta frenética se inicia e termina com um desfecho épico: a morte do protagonista junto do seu inimigo mais perverso e poderoso. Um fim trágico, porém honroso pois, para um guerreiro, morrer em batalha é o ápice de sua vida.

   Assim, foram respondidas todas as questões, alguns episódios a mais, apenas para mostrar o "que fim levou" de alguns personagens, como o Vegeta, por exemplo, e temos um "Gran Finale" digno de uma obra tão bem sucedida como essa.

   Mas não! Não poderia parar por aí. O que seriam dos fãs sem seu protagonista? Eles queriam consumir mais daquilo. Mas se eles queriam consumir mais, significa que deveríamos criar uma continuação, não é mesmo? Não, não é mesmo!

   Não me entendam mal, o Trunks é um ótimo personagem, a saga do Cell possui a minha luta favorita do anime (Gohan vs Cell), mas eu tenho um ditado: adicionar viagem no tempo a uma obra que não é viagem no tempo não passa de encheção de linguiça. (Eu sei, esse ditado é muito longo.)

   A grande lenda do Super Saiyajin, que nascia apenas a cada mil anos era jogada de lado. Todos os personagens da linhagem saiyajin agora podiam se transformar. Posteriormente, até mesmo Goten e Trunks, com menos de dez anos cada se transformavam facilmente, coisa que o Vegeta demorou sua vida inteira para conseguir. Tudo isso com a desculpa de que saiyajins híbridos com humanos se tornam mais forte, desculpa essa que não foi usada para explicar o poder do Gohan, pois ele tinha tudo aquilo "adormecido" em seu interior.

   Dá-se início a um monte de explicações mal-feitas: quem se lembra dos brincos Potara, aqueles que fundiam eternamente as pessoas que o usassem, porém que depois, já na saga "Super", é dito que eles duram apenas meia hora. Nesse caso, qual seria a diferença de usá-los ou de fazer a dança? Quer dizer, já que é bastante comum que a dança falhe, por que optar por ela e não por carregar os brincos no bolso e usá-los quando necessários?

   E o furo de roteiro que mais me incomoda: as esferas do dragão. Os objetos que dão nome à serie deveriam ser tratadas com, no minimo, mais respeito. Tantas alterações em seu poder fez com que se tornasse um Deus Ex Machina. Inicialmente, elas podiam reviver apenas quem havia morrido há um ano, mas o Dende, uma criança namekusei que, por acaso, possui poder suficiente para melhorar as esferas do dragão, coisa que o antigo Kami-Sama, mesmo sendo um ancião e deus da terra não podia, quebrando a única regra que daria algum sentido à saga e tornaria o medo da morte durante uma batalha algo realmente assustador para todos os personagens é, sem dúvida o maior problema de Dragon Ball. Não importa que inimigo apareça, se ele matar todo mundo, as esferas revivem, sem problemas. "Ah, mas se o Dende morrer, as esferas também somem". Oh, e agora, quem poderá me defender? Sou eu, o Whis, o cara que pode voltar no tempo convenientemente em até cinco minutos, tempo exato em que a terra foi destruída.


Personagens

  Outro problema muito grave está nos personagens. Não falo em relação ao carisma, pois sabemos que DB tem diversos personagens que adoramos. Mas falo em relação a sua construção. Foram diversos personagens "estragados" ou jogados fora. O mais lembrado pelos fãs foi o caso Gohan.

   Um personagem que possuía grande potencial, em certo momento se tornou mais forte inclusive que Goku e Vegeta, de repente ser jogado para escanteio e tratado como "só mais um". Então vocês me falam: "Ah, mas ele queria estudar e seguir seus sonhos". Sério isso? Se fosse pra ele se tornar um doutor, como deseja, pra que desperdiçar duzentos episódios para construí-lo como um personagem com potencial de superar o protagonista? Eis a verdade sobre o caso: Gohan seria o foco principal da saga Buu, mas com diversos pedidos dos fãs, o Akira reviveu o Goku, e mudou seus planos para a história. O fanservice estragando mais uma obra.

   Sobre a Goku, não há muito o que falar. Ele é o personagem que menos evolui durante a série. Não me refiro a poder de luta, mas sim a personalidade. E isso não é ruim, o Goku é aquilo: ingênuo porém sabe levar uma luta a sério. É um tipo de personagem que não precisa mudar sua personalidade pois é isso que o torna carismático.

   Já o Vegeta é, sem dúvida, o melhor personagem de toda a obra. Não, não é o meu favorito, porém é o único que foi bem construído (e MUITO bem construído). A introdução dele como um vilão cruel que não poupa nem mesmo seu parceiro, a quebra de seu orgulho em Nameku, a busca pelo Super Saiyajin. É importante frisar alguns momentos que foram importantes para a evolução do personagem. O primeiro deles é na saga Buu: o fato de Vegeta se deixar controlar apenas para trazer de volta seu orgulho foi algo genial. Ele sabia que o fato de ter se acomodado na Terra, ter formado uma família e construído uma vida pacífica não era do seu feitio. Trazer seu ódio de volta ao coração por um mago para poder finalmente ter a luta tão desejada com seu rival e, mesmo assim, demonstrando bondade e compaixão ao se sacrificar na luta contra Majin Buu.

   Outro momento importante é já em Dragon Ball Super. Essa serie é bem controversa pra mim. O Vegeta se torna um grande pai, mesmo com seu orgulho, a mudança de postura que há em relação a forma que ele tratava a Bulma e o Trunks quando ele havia nascido e a forma como tratou quando a Bra nasceu mostra sua evolução. Apesar disso, o Vegeta se curvar a um personagem superior, além de todo seu orgulho ter sido jogado no lixo durante toda a saga mostra que nem mesmo ele foi poupado dos problemas de construção de personagem do Akira.

   Algo que me incomoda muito em DB é o fato de que praticamente todos os personagens terem se convertido à bondade. Yamcha, Tenshinhan, Piccolo, Vegeta, além de Brolly (considerando do filme recente), Bills (esses últimos de fato nunca foram "do mal", mas nos foram apresentados como vilões e depois se juntou aos heróis) foram vilões em algum momento. Mas nenhum desses me dá um nó na garganta quando vejo, exceto um: Freeza. Um dos maiores vilões de todos os tempo, sem dúvida o melhor vilão da obra. Mas por quê trazê-lo de volta tantas vezes? Já deu. Ele já perdeu. Freeza se tornou um personagem patético e irritante. Ele alcançou uma nova transformação, conseguiu ficar muito mais forte apenas por se imaginar matando o Goku e, mesmo assim, decide lutar ao lado dele. Já havia sido muito forçada a sua aparição na saga do Cell e mesmo assim decidem trazê-lo de volta duas vezes no Super, além de deixá-lo a solta mesmo sabendo que o mínimo treinamento o torna extremamente mais forte, capaz inclusive de derrotar o Goku.


Transformações

  O que fazer com um anime shounen com foco na luta e não na história? Isso mesmo, coloca um monte de transformações e voalá, temos um grande sucesso.

   Ao todo, mesmo desconsiderando o GT, o Goku sozinho possui oito transformações. São elas: Oozaru, Super Saiyajin, SSJ2, SSJ3, Super Saiyajin Deus, Super Saiyajin Deus Super Saiyajin (que nome ridículo), Instinto Superior incompleto e completo (Miggate no Gokui).

   Um dos princípios ao fazer uma obra é, justamente, criar regras para aquele mundo e não rompê-las. Dragon Ball não faz isso. Repetindo o que já disse, o Super Saiyajin surgia apenas a cada mil anos, seria a forma mais forte dessa raça, mas o Goku tem outras seis transformações mais fortes e cospe nessa lenda. Sem contar no fato de cada transformação mudar apenas a cor do cabelo. Isso é uma das coisas mais bregas que já vi. Outra regra que foi jogada fora é o poder de luta. Confesso que me parecia um solução preguiçosa para mostrar que o Goku era "humilde" e não saia esbanjando poder por aí. Mas com níveis tão elevados, o poder dos personagens chegado na casa dos milhões, aquele recurso que era tão interessante na obra se tornava inutilizável.


Considerações Finais

   No final das contas, Dragon Ball se tornou um poço de fanservice. Mesmo assim, nós nunca deixaremos de amar essa obra, pois crescemos com ela. Não vamos confundir nostalgia com realidade, é importante questionar a qualidade das coisas que gostamos. 

   O carisma de Dragon Ball é muito maior que a obra em si, mesmo considerando todos os problemas do enredo e dos personagens, ignoramos tudo isso e curtimos mesmo assim.
   
   E vocês, o que acham? Sintam-se à vontade para deixar sua opinião, se deixei algum detalhe passar ou se não concordou com algo, não há problema em criticar.

   Sejam muito bem vindos ao Baú do Chrono, um blog sobre animes, jogos, filmes, músicas e tudo mais que me der na telha.

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